...coisas que vejo no resplendor...



Nota: Clica nas imagens/vinculos para seguir o desenvolvimento de cada apontamento


Textos de Autumn Autism

Fotos

31.1.07


tenho frio nesta noite
e me consome silenciosamente
a fossa me inunda pouco a pouco
já não consigo ver o céu
sou um corpo sem dor
acho que vou a adormecer...



quero o sonho definitivo
waking life...

23.1.07

caminho

onde caiem as folhas mortas
e o cheiro a terra molhada te transporta
quando o céu te enche e conforta
donde olhas os sorrisos dos olhos que passam
donde instigas nas almas alheias
donde tudo se enche de misteriosa profundidade

donde os edifícios te abraçam
feitos de historia e de tempo
donde sentes o vigor das mentes
donde o tempo é pão
e o silencio te faz existir

o minúsculo sitio entre a areia molhada
e a onda que te acaricia
quando o sol te decide queimar


ai está o meu caminho

Mulher desconstruida

Mulher desconstruída (se confirma que não são deusas)


22.1.07

furor seco

fugir
furor

o mundo é mais grande
é maior que o meu fugir
e não me consigo libertar de mim
as cápsulas são reais
seja donde seja
e tudo vibra de lentidão desnecessária
devo muito a algo
que me agarra me suprime
e sei que todos os dias
são absurdos
e o absurdo é demasiado solitário
não tens nada que oferecer
és uma memoria descartável
e te deixam ficar aqui
afundado no teu absurdo

mordo a mão que me dá de comer
queimo as bocas que beijam de pena
existe um inferno seco
à espera de acordar
enquando o esperas te inunda
e te deixa deserto

o único persistente sou eu.

19.1.07

entiendo...

entendo o perceber
de forma esporádica
de forma desistente e sem voz
é uma suja desistência
uma maldição muda

quero sentir mais
é uma forma nula
de convencer il
quero sentir mais

Exilio

Afundado num deserto de amor
me adentro sem querer
o meu único consolo são os outros
único calor me sinto
Na noite são mais sós
os teus passos esse fogo

me escondo num exílio falso
de não querer recordar
existem corpos fantásticos húmidos
que não desejo
afundo-me em mim
por calor por amor por suor

faço-me companhia
me jogo as cartas
não quero nada de ninguém
me realizo perdido
em pó em fome em dor

penso que penso

Não escrevo para poder sentir
penso melhor quando escrevo

17.1.07

"breed breed breed

And from his throne he could the unceasing breeding of those untouched by talent"

Diamanda Gálas

O novo livro de Eduardo Punset (El alma está en el celebro) fala-nos dos conceitos de autoridade e submissao, investigados pelo psicologo Stranley Milgram, donde demonstrou que dos terços da populaçao podem comportar-se de um modo cruel e meligno pelo simples facto de que a autoridade se lo ordene...











mais em español

Libertadas de culpa (pelos dirigentes), as massas se entregam às tarefas mais cruéis com uma precisão extrema e com os requintes de malvadez inatos...

14.1.07

zeros

zeros para morrer
zeros para morrer
zeros para morrer


zeros de luz

segredos

tenho segredos para não contar
um suspiro de vampiro que me percorre
um choro nulo numa nítida carcel
uma fome flageladora sem cor
meu deus porque me abandonaste?
é não estavas comigo
todo o que foi não estava lá
levo-me o corpo para outro lado
vagueio pelo tempo sem saber
me enterro vivo na maré
nesta corrente morta

tenho segredos para contar
mas não existe ar que os liberte

11.1.07

running from the camera

Fotoblog muito interessante:

running from the camera

"Tenho uma ideia, tenho uma idea, VAMOS FUGIR!!!!!
















Eu quero sair daqui.

8.1.07

trabuscar

Procuro uma entrada
para não ficar prá ' qui a apodrecer
enquanto as horas me devoram
numa cadeira cómoda
feita pra ser caixão
procuro não esquecer-me todo o dia
e não deixar de respirar
por entre números e letras e folhas e sei lá que mais!
venham mais uma cervejinha
que a hora é a doer
e não vale ficar prá ' qui a pedinchar tempo
oh adormecido sem alma,
oh sórdida lucidez...

7.1.07

dormir é o remédio dos esfomeados

adoro sair do meu corpo
quando não me apetece estar
porque dormir é o remédio dos esfomeados
e quando a montanha gélida me atrai
num sopro cheio de sussurros
deixo-me levar com eles
para ai me aquecer

adoro passear pelos campos
cobertos de melancolia
adoro esperar pelos comboios
pelas asas de metal incandescentes

mas não estou aqui, melhor dormir
no meu querido tédio de ausências

6.1.07

dead rollercoaster

Na melancolia do tempo
descubro uma criança ausente
numa cidade impotente e morta
os olhos que vêem são esses
que ainda sabem amar
e que não têm medo de sorrir

e caminho sobre as flores da desolação
sem saber se as amo mais a elas
ou à corrosão do tempo que me faz

rollercoaster
autor das fotos
mais sítios abandonados
Chernobyl ...

3.1.07

Ron Mueck

olhares num espelho gigante

caminho de ferro
















afundo-me na obscuridade
viajando sem cessar
para um sitio inóspito
donde as almas cantam requiem's
donde os sorrisos terminam
em gélidas decepções
viajo a toda velocidade
numa vigília incansável
donde se esquecem os sonhos
e a realidade é um suor sujo
me afundo nestas montanhas
povoadas de lobos famintos
casas de espelhos sombrias
e cálices vazios
mas levo-me a mim
num sopro
e sei-me incessante

nada
















Os criadores do nada
São poderosos e fieis
São meninos assustados
com aparições enubladas
nas suas tarefas incansáveis
devoram castelos de areia
com sistemática precisão
e almas de pregador
dormirão sós os pobres
debaixo de escombros esfomeados

Oh, Paris!

Imagens de Paris desde 1871:


frio

o frio reage na minha cara
com uma virulência vermelha
feita de pedaços de carinho
e de lençóis manchados

o frios despedaça os corações
e estes esperam uma redenção melhor
por entre fumos nocturnos
e consciências alteradas
lúcidas de outras realidades
tão só aparentes para estes autómotos
perdidos na voragem dos dias
e das horas cheias de responsabilidade


mas estou a perder-me como sempre
8 por 5 horas pelo menos
porque sou menos nesses assobios
eu queria falar do frio
e de quanto o desprezo e o temo
e queria falar da solidão que nos invade
mas vou pelo menos
e o silencio frio
despedaça este corpo
8 por 5 horas